Oi, meu nome é Tamires e hoje comemoro 1 ano sem álcool.
O texto de estreia dessa newsletter foi, inclusive, sobre esta decisão. Nele, falei sobre o que me levou a parar de beber e quais eram, no alto dos 5 meses sóbria, os benefícios que já tinha notado. Essa publicação virou:
E o mais importante: algumas pessoas me emocionando dizendo que repensaram o seu consumo de álcool (e até pararam de beber!) depois de terem lido o texto.
Bom, agora - atingindo mais esse milestone - senti que devia falar de novo sobre isso. Com toda a repercussão do 1º texto, algumas coisas não ficaram tão esclarecidas. E tudo bem. Foi um relato pessoal e livre de alguém que começava a perceber bons resultados de uma decisão recém tomada. Mas, já que vou falar sobre isso mais uma vez, acho que vale esclarecer alguns pontos:
eu não bebia todos os dias;
eu não bebia quantidades bizarras de álcool;
eu bebia numa quantidade e frequência que chamamos de “social”, provavelmente similar ao que você bebe.
Digo isso porque a maioria das pessoas (sim, estou generalizando) acha que só tem que parar de beber quem tem problemas com álcool.
Inclusive, cheguei a ler comentários do tipo “ah ela não bebia socialmente, bebia em quantidades absurdas pra sentir esse mal todo” e “algumas taças de vinho no final de semana salvam a minha vida”. Existem muitas problemáticas nessas falas (não vou me aprofundar nelas e até entendo esse tipo de reação), mas tenho notado que, quem parou de beber, acaba por se tornar uma escala onde, quem ainda bebe, mede se tem ou não um problema com álcool. Assim, fica mais fácil assumir pra si que não tem questões com álcool quando você interpreta qualquer abstêmio como um alcoolista. 🤡
Mas pra falar a verdade, a essa altura, não me sinto mal quando me usam como um parâmetro para descobrirem se tem ou não um relacionamento problemático com essa substância. Mas vale dizer que ter um comparativo é importante até um certo ponto e só quando você é capaz de ser empática com o outro e sincera consigo mesma. No fundo, no fundo é você quem sabe da sua relação com o álcool e, no seu íntimo, o impacto que ele tem na sua saúde física e mental - no ato do consumo, nos dias seguintes e a longo prazo.
Então, se existe uma voz no fundo da sua mente, como rolou comigo, repetindo, rolê após rolê, que você não está feliz com seu relacionamento com o álcool, você tem que ouvi-la.
Você pode ler todas as pesquisas do mundo sobre os malefícios, pode falar com muita gente que parou de beber, mas se você não encarar este hábito como um problema, jamais se sentirá “convencida” do potencial problemático que ele tem.
E sinceramente? 1 ano após ter tomado uma das melhores decisões da minha vida, não tenho o menor interesse em convencer alguém de parar de beber.
É uma honra receber mensagens de meninas (homens o que tenho a ver) falando que diminuíram o consumo ou até pararam 100% depois de ter lido o meu texto, mas eu nunca tive (e não tenho) a pretensão de sair evangelizando o mundo com o meu discurso pró sobriedade. Apresento o meu lado e exponho os benefícios aqui - um espaço meu com pautas definidas por mim - e também a quem me pede isso. Agora, o resto, é com você gata.
Falo isso porque, com o advento das redes sociais (kkkkkkkk), criou-se uma terceirização da responsabilidade com nós mesmas. Temos a tendência em culpabilizar a outra pessoa pela ausência de iniciativa, coragem e motivação que nos falta; “você não deu argumentos científicos o suficiente que comprovam os malefícios do álcool”, “você não explicou o seu processo direito”, “a sua abordagem foi pessoal demais e por isso não me vi representada”.
Girl… você passa uns bons 80% do seu tempo na internet, não espere que eu te dê todas as respostas ou sequer te convença de algo. Aqui dou apenas sinalizações e alertas de coisas que estou sentindo ou passando - a partir daí, se compartilhar dos mesmos sentimentos, você dá os seus passos. Ou não.
Também não quero soar moralista demais ou demonizar este hábito. Claro que reconheço o papel social do álcool, ainda que eu ache que ele não devia ter papel nenhum. Mas quando bebe, você assume uma série de riscos. Eu me livrei deles e falo sobre como isso me fez bem. Period.
Dito isso (e para que esse texto não seja só um grande desabafo), após 1 ano sem álcool, eu tenho SIM algumas dicas que queria compartilhar. Pois sou uma mulher que tem SEMPRE com o que contribuir.
Bom, se você já está desconfortável com o seu consumo de álcool e quer começar a repensá-lo, primeiro se faça essas perguntas:
Você sabe o porquê bebe?
Quais são os pensamentos que você tem durante uma ressaca? Você se sente envergonhada e arrependida?
Existem lugares e pessoas específicas que você só frequenta/ passa um tempo junto se estiver bebendo?
Dependendo das respostas, você conseguirá se entender melhor e encontrar a sua solução. Para mim, parar de beber afetou diretamente e positivamente toda a minha vida; acho que a decisão foi tão assertiva que o meu corpo todo aceitou de imediato e da melhor forma.
Mais dicas:
Sempre tenha uma bebidinha sem álcool à sua disposição:
Hoje em dia, há uma variedade de bebidas sem álcool, desde cerveja até destilados e vinhos. Inclusive, caberia um publi aqui, né marcas? Tenha sempre uma opção na sua geladeira e reserve um tempinho para experimentar coisas que pode vir a gostar;
Experimente novos passatempos:
Desistir da bebida pode te deixar com mais tempo livre (ainda mais se os seus rolês são alcohol-centric, ou seja, quando você só sai para se divertir bebendo) sem falar na disposição física que se ganha quando para de beber. Então, se você sempre quis tentar a vida fitness 🏋️♀️, começar a bordar 🧵 ou se inscrever em uma aula de dança 💃🏻, a hora é agora.
Aliás, acho que essa é a dica mais importante: preencher a sua vida com atividades diferentes (e, principalmente, diurnas!) vão te ajudar a não se sentir mal ou “com tédio” nessa nova rotina;
Aprenda a dizer não:
Você provavelmente vai se deparar com pessoas tentando fazer com que você beba - principalmente no começo. Pense no que você quer dizer nessas ocasiões. Eu simplesmente digo “eu não bebo” e não justifico a minha resposta (e nem deveria, né?). Mas tudo bem se você sentir a necessidade de complementar a sua resposta com alguma justificativa. Vale qualquer coisa para você se sentir segura nesse processo e também pra te poupar de encheção de saco alheia.
Acompanhe os pontos positivos:
Mais disposição física, mais clareza mental, mais energia, mais dinheiro, zero ressacas. Acompanhe e foque nos benefícios que você vai ganhando ao longo do processo, mas preste atenção até nas mínimas diferenças que o seu corpo e a sua mente vão tendo. Coisas como perceber que reage melhor a determinadas situações, que já não tem tantos pensamentos ruins e/ou que a pele está com uma textura melhor não tem preço. Juro.
Essas são as coisas que mais me ajudaram ao longo deste primeiro ano. Claro que, cada uma tem as suas reações e percepções, mas acho que existem algumas coisas que são transversais para todo mundo. Por isso, tenta aí durante um tempo e me agradeça depois. 💋
Eu entendo que não é fácil, mas se você estiver se sentindo pronta para conhecer uma versão de si que não faz uso do álcool, admita isso para você mesma e dê início a esse processo. 🦋
O caminho para sair desse vórtice acontece por meio da honestidade, coragem, auto compaixão e discernimento para entender se os seus círculos sociais estão alinhados ou não com a sua decisão (e, com isso, aprender a lidar com a solidão que acaba surgindo quando a gente começa a se sentir desconectada de algumas amizades).
Para mim, foi “fácil” porque era algo que eu já cogitava há muito tempo, apesar de ter ignorado por anos a voz interna que clamava por sobriedade. Importante falar também que, desde o dia 1, eu entendi que a moderação não iria funcionar pra mim; não queria uma vida em que eu tivesse que pensar no que iria beber e ficar com uma hipervigilância quanto à quantidade do que bebia.
E assim, fui dando um passo de cada vez, até que um dia virou dois, dois viraram três e três viraram 365.
Eu vivo num esforço constante para me sentir bem comigo mesma.
Apesar de algum progresso, ainda é um desafio me sentir plena 💅 e reconhecer as minhas qualidades. Mas, recentemente, nada me faz sentir mais orgulho de mim mesma do que ter parado de beber; me emociono em ver como dar esse passo foi essencial para eu ganhar novas perspectivas de vida.
Me expor assim não é fácil, mas compartilhar essa decisão (e os desdobramentos dela) me uma deu coragem antes desconhecida - se eu consigo falar assim sobre esse tema, sou capaz de me posicionar sobre qualquer outro.
“Coragem é a mais importante de todas as virtudes, porque sem ela nós não podemos praticar nenhuma outra com consistência.”
E, com lágrimas nos olhos (juroooo kkkk mico), agradeço a todo mundo que leu o 1º texto e também esta atualização e que foi gentil comigo. Obrigada. Peço só que estendam essa gentileza a vocês próprias também.
Beijo.
Muito inspiradora a sua atitude!
Eu preciso tomar “vergonha na cara” ao invés de tanta cerveja! Mas a minha vontade é maior que a força de vontade.🫣
Preciso pensar racionalmente sobre este assunto. Obrigada por compartilhar! 😘
Li seu primeiro texto quando decidi parar de beber em Março de 2023. E fiquei 8 meses sem beber. Passei por um período caótico de vida pessoal e profissional, voltei a beber. Vi necessidade para socializar novamente em ambientes que eu já não tinha tanta familiaridade. Para 2024, a minha meta é manter um ano e seguir nesse propósito. E + importante dizer que sua fala sobre moderação não dar certo, me fez perceber que não dá pra eu beber somente em datas especiais, afinal... Não teria nenhum motivo tão necessário que me fizesse ter que beber.