Favoritos de Maio
Essa edição chega atrasada porque maio me devorou e, agora, cuspida pra fora, tento colocar tudo no lugar.
Há algum tempo venho pensando, escrevendo e falando sobre trabalhar em um lugar onde eu veja as coisas acontecendo, onde o produto do meu trabalho vire algo. Se você trabalha ou já trabalhou com design e tecnologia sabe bem o que é trabalhar 3 meses em algo que é facilmente descartado e que não dá em nada. Tenho dito que quero um emprego em que eu me sinta envolvida nos processos, e não uma alheia que acompanha tudo meio de longe, sendo inserida sazonalmente e de maneira morna nas coisas.
Acredito em pouquÃssimas coisas (deuses, energias e outras denominações mÃsticas inclusas), mas o fato é que boa parte do que digo e repito pra mim mesma (com frequência e sem distrações) acontece. Claro que não estou falando de ficar bilionária ou ter a bunda extremamente definida da noite para o dia - aqui falo sobre coisas atingÃveis dentro da minha vidinha comum. Há quem chame isso de manifestação. Dizem até que existe uma lei pra isso, a da atração. Eu prefiro chamar de fazer as coisas acontecerem na marra.
E eis que aconteceu.
Estou num trabalho em que o que faço num dia é implementado no outro. Tudo acontece em sprints de ritmo aceleradÃssimo; mal entrego uma coisa e já surgem dez novas. Sou chamada para opinar em decisões estratégicas e, veja só, sou ouvida e levada a sério.
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o meu ofÃcio não tem nada a ver com escrita ou literatura (palavrinhas essas que conversam diretamente com o que é, de fato, bonito e legal em mim). Então, como beira o impossÃvel dar conta de tudo (até dá, se você fizer tudo malfeito - o que eu costumava fazer, mas não mais), obviamente deixei tudo meio de lado e me dediquei a me adaptar a esse novo cenário. Com muito medo de estar abandonado a escrita mais uma vez, e de nunca mais conseguir voltar a ela.
Inclusive, falei sobre isso nessa edição, onde comento a canseira que é ser das artes e, ao mesmo tempo, manter um trabalho que nada tem a ver com isso.
No final (ou no inÃcio) do dia, é preciso tentar juntar os caquinhos de disposição fÃsica e mental e fazer arte para não sucumbir. Ainda não encontrei a estrutura de dia perfeita: aquela que inclua escrever, trabalhar e estudar os mil e um assuntos que envolvem ambas as minhas áreas de atuação. Nem sei se existe essa rotina onde tudo cabe. Talvez seja mesmo o caso de trabalhar para caralho em um dia e, no outro, pedir mais prazo para um projeto porque virei a noite escrevendo.
Dito tudo isso, ainda assim consegui ir a lugares legais, ler e assistir a coisas interessantes, que compartilho com você hoje nos Favoritos de Maio.