Caderno Proibido de Alba de Céspedes é a leitura do Clube do Livro Um Passo - exclusivo para apoiadores. O próximo encontro será no dia 27/07/2025. Para participar, basta apoiar a news (2€ ou R$12 por mês) 💙.
Apesar de defender a escrita como uma ferramenta terapêutica, não acredito que ela salve ninguém. Uma vez nomeados, os desconfortos não se dissolvem no ar, não saem magicamente de nós. A escrita, nesse caso, funciona mais como um inventário: um registro sensível do que dói, um fichamento dos pontos que pedem mais atenção, mais cuidado. Por mais que eu deseje o contrário, a identificação desses pontos não significa a aniquilação deles.
Por exemplo, escrevi isso na news “A temida autorresponsabilidade” em Março:
Aprendi cedo que as consequências dos meus atos eram um problema exclusivamente meu. Um compromisso silencioso que faço comigo mesma: não fugir, não me esconder atrás de desculpas, não apontar dedos. Se a vida dói, é porque algo em mim precisa mudar. Se falho, é porque não me esforcei o suficiente. Porque não me posicionei. Porque não virei o jogo enquanto havia tempo. Um reforço constante: não terceirizar a responsabilidade pelas minhas próprias decisões.
Teoricamente, depois de escrever (e tornar público) que tenho dificuldade em entender que as coisas não começam e terminam em mim, que pedir ajuda não é o mesmo que terceirizar a responsabilidade pelas minhas ações, eu deveria ter parado de pensar e agir assim, certo? Certo. Mas continuo repetindo o padrão. Espero estar com merda até o pescoço para, só então, surtar e correr desesperadamente atrás de alguém que possa me oferecer algum suporte.
O que quero dizer com isso? Continuem escrevendo sobre o que incomoda vocês, mas revisitem essas anotações. As transformem em mapas que orientem caminhos mais gentis. Não deixem que o texto seja o fim. Façam dele um começo.
Agora, vamos aos Favoritos de Junho: