No último mês, tem sido um desafio encontrar um ritmo que me mantenha firme. Há dias em que sinto que não consigo, que meu corpo inteiro afunda devagar, como se a descida fosse o curso natural das coisas. Tento me agarrar ao que é concreto: pequenos rituais, vozes amigas, os meus cachorros deitados juntinhos.
Sigo aqui no tempo do meio. Nem começo, nem fim: mas um período prolongado de dias em que, talvez, algo esteja sendo preparado sem que eu perceba. Um semear contínuo, de promessas que, quem sabe, ainda não tiveram tempo suficiente para brotar. E sigo empurrando os dias, acreditando que há um depois, mesmo sem garantias.
Num resumo mais sincero, menos educado e mais direto: estou triste e cansada. Mas sigo. E torço para que boas notícias me encontrem logo.
Dito isso, algo que tem salvo parcialmente os meus dias é ouvir música. Da hora que acordo até voltar para a cama e ligar meu despertador do Snoopy para o dia seguinte, a música me acompanha como um fio invisível segurando meus passos. Escuto enquanto faço café, enquanto visto uma roupa qualquer, enquanto tento me convencer de que preciso sair de casa. No instante em que a melodia começa, sou menos um corpo exausto e mais algo que flutua.
A música chega em lugares que a literatura ainda não alcança. Ela se impõe sem mediação, sem negociações, e isso é um alívio. Em dias tristes, a música é um gesto invisível de amparo: o som se instala na casa vazia do peito e, por um instante, preenche o silêncio que ecoa dentro. Não é um remédio, não resolve nada, mas é uma presença.
Hoje compartilho álbuns que são importantes pra mim de alguma forma: